É possível a associação entre ambos? Diante de tal ideia, os marxistas reagem com indignação, pois — segundo eles — um pensador “materialista” jamais admitiria tal coisa.
Texto de Bira Câmara
No entanto, os próprios escritos iniciais de Marx são a maior evidência de sua ligação com o satanismo. Não só ele, mas outros revolucionários como Bakunin, Proudhon e, mais recentemente, Saul Alinsky reverenciaram Lúcifer como o primeiro grande revolucionário. Será que apenas o usavam como uma metáfora, ou de fato o cultuavam? É sintomático que os fundadores do movimento comunista, desde o início, alimentassem verdadeiro ódio pela religião e pelo próprio Deus. Não menos sintomático é o verdadeiro fervor religioso dos seguidores de Marx, e a fé cega numa ideologia que se pretende redentora da humanidade.
Embora de descendência judaica, inicialmente Marx foi um cristão convicto, mas logo depois de concluir o curso colegial e antes de abraçar a causa socialista, tornou-se francamente antirreligioso. Tinha ambições literárias e um de seus primeiros escritos, quando ainda tinha 18 anos, foi um poema onde manifestou o desejo de “vingar-se Daquele que reina lá em cima”, e um drama em que o personagem-título é adorador de Lúcifer, e se propõe a expulsar Deus do céu...
Richard Wurmbrand, no seu livro “Era Karl Marx um Satanista”, faz um levantamento de todos os indícios que apontam para esta possibilidade. E eles são abundantes tanto na obra de Marx, quanto na sua biografia. Wurmbrand revela que para ele o socialismo era secundário, e o mais importante era destruir as religiões.
É um mito que Marx tivesse o ideal de ajudar a humanidade, que a religião sendo o obstáculo para a realização desse propósito, forçou-o a tomar uma posição contra a religião. Pelo contrário, Marx odiava todos os deuses e não suportava ouvir sobre Deus. O socialismo era apenas um chamariz para atrair o proletariado e os intelectuais para a realização de um “ideal satânico”.
Um de seus companheiros na Primeira Internacional, o anarquista russo Mikhail Bakunin, escreveu que o demônio foi o primeiro pensador livre e salvador do mundo; que o demônio libertou Adão e selou a sua face com o selo do humanismo tornando-o desobediente.
Bakunin não apenas glorificava Lúcifer, mas tinha um programa concreto de revolução — porém não do tipo capaz de libertar o pobre da opressão. Segundo suas palavras: “Nesta revolução, devemos despertar o demônio no povo a fim de estimular as suas paixões mais inferiores”.(1)
É importante observar o fato de que Marx e seus amigos, sendo contra Deus, não eram ateus como os marxistas modernos se denominam. Embora negassem Deus publicamente, odiavam Aquele cuja existência nunca duvidaram!
Origem do Manifesto do Partido Comunista
A conexão entre os revolucionários franceses do século dezessete com o movimento comunista não pode ser negada pelos especialistas no assunto. Sabe-se também que a Maçonaria e a Ordem dos Illuminati trabalharam intensamente para derrubar todas as monarquias, sobretudo na França. Outros grupos como os rosacruzes e martinistas reivindicam parentesco com ambas.
No século XIX, originário das células secretas de revolucionários franceses, uma dessas organizações ficou conhecida como a “Liga dos Justos”. Marx e Engels foram admitidos nos seus quadros e, mais tarde, escreveram para a Liga o Manifesto do Partido Comunista. Parte deste manifesto foi redigido por eles, mas “a maior parte refletia a ideologia da Liga e de outras sociedades secretas francesas que se opunham à França com ideias revolucionárias”. (2).
Na verdade, o Manifesto do Partido Comunista estava já em circulação desde muitos anos, bem antes do nome de Karl Marx ser conhecido e desse texto tornar-se manual revolucionário. Segundo o pesquisador Gary Allen, tudo o que Marx realmente fez foi modernizar e codificar os projetos dos princípios revolucionários que tinham sido colocados por escrito 70 anos antes por Adam Weishaupt, o fundador dos Iluminados da Baviera.
Sobre o Manifesto, Albert Rivaud observou que este livro terrível é “o mais atroz já escrito, talvez, por um sofista, pois cada linha hipocritamente enchovalha tudo que os homens têm aspirado: família, país, religião, piedade, honra e lealdade. Em todas as análises de Marx, o espírito judaico de protesto contra o Messias e a Revolução está escondida sob o disfarce de uma fraseologia científica”.(3)
Esta promiscuidade entre o movimento revolucionário comunista e sociedades secretas ocultistas tem sido deliberadamente desprezado pelos historiadores, que em grande número são partidários do marxismo-leninismo ou socialistas.
Ocultismo e Comunismo
Será que foi por acaso que o movimento comunista tenha surgido paralelamente ao formidável desabrochar de movimentos esotéricos e espiritualistas, durante a segunda metade do século XIX? Nesta mesma época, com a decadência do poder e da influência da Igreja Católica, surgiram o espiritismo e a teosofia e, na Europa, houve o ressurgimento da atividade rosacruciana sob a forma de várias sociedades secretas. Uma delas, a Sociedade Teosófica, teve como um de seus expoentes Annie Besant, que era amiga de Eleanor, uma das filhas de Marx, e antes de ingressar no movimento teosófico chegou a participar de reuniões na casa dele, segundo nos conta Edmond Wilson em Estação Finlândia.
Eleanor era a filha predileta de Marx, e casou-se com Edward Aveling, um amigo de Besant, que fazia preleções sobre assuntos como A perversidade de Deus... Em suas palestras, ele tentava provar que Deus é «um encorajador da poligamia e um instigador do roubo». Defendia o direito à blasfêmia. (4)
Dos vários grupos ocultistas, originou-se (na França, principalmente) a Sinarquia moderna cujo grande teórico foi Saint-Yves d’Alveydre (1842-1909). Amigo de Stanislas de Guaita e de Papus, Saint-Yves propunha uma nova forma de organização social com a “marca, o plano, os projetos de instituições dos antigos rosacruzes do século XVII, dos quais um dos principais mentores foi Comenius, que a UNESCO considera hoje em dia como seu mentor”. (5) Este sistema filosófico-político, denominado sinarquia, tinha o objetivo de instaurar uma sociedade perfeita governada por sábios (como a República de Platão).
Em suma, este sistema de governo ficaria nas mãos de uma aristocracia econômica dotada de ideias altruístas e humanitárias, com capacidade de transformar a sociedade na direção de um modelo mais justo. Depois de morto, as suas ideias seduziram muita gente.
Saint Yves influiu decisivamente na obra de John Ruskin, o último dos socialistas utópicos. Ruskin misturava ideais humanitários, princípios estéticos e contactos com a aristocracia econômica inglesa.
Professor em Oxford, Ruskin formou um círculo de poder com seus mais notórios ex-alunos: Henry Borchenoug, lorde de sua Majestade, Philip Lyttleton, Ministro de Colônias, Alfred Milner, maçom e Vigilante da Grande Loja Unida da Inglaterra, homem de confiança de Cecil Rhodes.
Este grupo altamente influente criou a Sociedade Fabiana em 1883, uma ligação entre o socialismo utópico de Ruskin e o socialismo trabalhista britânico, precursor das atuais sociais democracias europeias. As ideias fabianas coincidem com quase todas as de Saint Yves; mas os fabianos ingleses foram mais adiante, definindo estratégias e táticas. Fundaram também a Escola de Economia de Londres, onde formaram as elites financeiras que implementaram o capitalismo liberal ocidental nos últimos cem anos, começando com os Rothschilds, os Rockefellers, e depois por muitos políticos europeus.
A ideia sinárquica levou Cecil Rhodes a criar uma sociedade secreta para trabalhar pelo governo mundial, a Round Table, que pariu o CFR... Rhodes foi aluno e depois seguidor fanático das ideias do economista Sydney Webb, um dos fundadores da Sociedade Fabiana.
Também a criação da Comissão Trilateral em princípios dos anos 70, inspirou-se nas ideias de Saint-Yves, através de Ruskin e da Sociedade Fabiana. Esta entidade — continuando com o velho projeto sinárquico — agrupou pessoas do mundo da alta finança, da política e da cultura, sobre um programa supostamente humanista, em defesa da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável. Assim, pode-se considerar a Comissão Trilateral e suas correias de transmissão como herdeiras do projeto sinárquico. (6)
Portanto, não foi por acaso que Comenius foi adotado como mentor da UNESCO, um dos braços dos atuais senhores do mundo.
Não podemos deixar de assinalar que o sistema sinárquico também foi assimilado, depois da segunda guerra, por integralistas no Brasil, grupos de extrema-direita e sociedades secretas diversas.
Comunismo versus religião
Toda essa digressão sobre a promiscuidade entre ocultismo e comunismo poderia ser estendida também ao nazismo, esta bem mais notória. Mas este é um outro assunto.
Pode parecer paradoxal que os movimentos revolucionários de esquerda na sua origem tivessem, de alguma maneira, ligação com ideias ocultistas, esotéricas ou até mesmo satânicas. Todo intelectual ou militante marxista sorri com desdém a essa insinuação. E explicam que o ódio de Marx contra a religião é porque ela era um obstáculo para a mudança revolucionária; ao manter as massas satisfeitas e conformadas com a ideia de algo melhor no outro mundo, elas não desejarão mudar nada neste. Por isso Marx a chamou de “ópio do povo”. Assim, os socialistas modernos se empenharam em substituir a religião pelo coletivismo, pelo conceito de que “os indivíduos não são nada comparados com a sociedade vista em seu longo prazo, e que somente servindo à sociedade é que nos tornamos conectados com a eternidade”. (7)
Um dos propósitos da Nova Ordem Mundial deve ser, de acordo com seu mais fervoroso adepto, o socialista fabiano H. G. Wells, criar uma nova religião. Nela, Deus deve ser destronado para dar lugar a este conceito coletivista. Em vez de sonharmos com um mundo melhor no além, sonharemos com o mundo perfeito aqui na Terra. Isso não é, de forma mais polida, enxotar Deus do céu para nos sentarmos em Seu trono, como o desejava Marx?
O livro Era Marx um satanista? é recomendável não só aos crentes de todas as denominações religiosas — mesmo daquelas que não acreditam na existência do Demônio —, quanto pelos ateus e materialistas. O que vale é a intenção, pois, afinal de contas, uma ideologia intimanente ligada ao satanismo (que não pretende outra coisa senão levar a humanidade ao abismo), obviamente não pode ser considerada boa coisa. Não foi por acaso que todas as vezes que foi colocada em prática, além do fracasso, deixou um saldo de de milhões de mortos e, mesmo assim, ainda continua a seduzir corações e mentes em todo o mundo. Pode haver algo mais satânico?
Notas:
(1). Richard Wurmbrand, Era Karl Marx um Satanista?, pág. 34
(2). Leon de Poncins, As forças ocultas no mundo moderno, pág. 87
(3). Citado por Poncins na obra mencionada acima, pág. 32
(4). A Vida de Eleanor Marx, Chushichi Tsuzuki, citado por Wurmbrand
(5). Leon de Poncins, obr. citada, pág. 92
(6). Ernesto Milá, La sinarquía: la conspiración del dinero, la política y la cultura
(7). Edward Griffin, O Futuro está chamando, pág. 40
Algumas frases extraídas das primeiras obras de Marx:
«Uso palavras todas misturadas em uma confusão demoníaca. Assim, qualquer um pode pensar exatamente o que bem quiser.»
Sobre Hegel, um poema
«Eu quero me vingar d’Aquele que reina lá em cima.»
Oulanem, drama
«Então eu perdi o céu, sei disso muito bem. Minha alma, outrora fiel a Deus, está destinada ao inferno.»
A Virgem Pálida, poema
Era Karl Marx um satanista?
Richard Wurmbrand
Brichura, formato 13,5 X 20,5 cm, 113 páginas, Editora Lux, 2013. O livro revela aspectos sombrios da personalidade de Marx.
PEDIDOS: jornalivros@gmail.com
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